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Folha de S.Paulo - Ilustrada
São Paulo , 16 de novembro de 2010.
Novo livro de Tezza mira em
turbilhão de relação íntima
Marco Rodrigo Almeida
Escritor lança o romance "Um erro Emocional", que considera o mais maduro e sofisticado de sua carreira
Após o sucesso de "O filho eterno", livro publicado em 2007, autor hoje dedica-se apenas à literatura
Muita coisa mudou na vida do escritor Cristovão Tezza, 58, nos últimos três anos. Ele já era um escritor reconhecido no meios literários em 2007, autor de romances de prestígio como "O Fotógrafo" (2004). Nada que se comparasse, porém, com o que aconteceria após publicar o livro "O Filho Eterno".
"Deu uma chacoalhada na minha vida", reconhece ele.
Romance sobre os conflitos de um homem que tem um filho com síndrome de Down, experiência vivida pelo próprio autor, "O Filho Eterno" conquistou os principais prêmios literários do Brasil: Jabuti, APCA, Bravo!, Portugal Telecom e São Paulo de Literatura.
Já foi lançado em sete países e vendeu 40 mil exemplares no Brasil, número considerável para o país.
O sucesso (e os inúmeros convites para palestras e eventos que surgiram a partir daí) foi o empurrão que faltava para Tezza abandonar o emprego de professor na Universidade Federal do Paraná, função que exerceu por 23 anos, e dedicar-se exclusivamente à literatura.
"Estava cansado da sala de aula, sentia que já me repetia. Já queria mudar de vida desde "O Fotógrafo" e "O Filho" me permitiu isso."
O primeiro fruto dessa nova fase, "Um Erro Emocional", chega nesta segunda-feira às livrarias.
NADA ACONTECE
Escrito nos últimos dois anos, não mais do que uma página por dia ("para evitar o desgaste", explica ele), o romance narra a relação entre entre Paulo Donetti, famoso escritor, e Beatriz, fã dele.
A trama se passa toda numa única noite, no apartamento de Beatriz.
Praticamente nada de muito importante acontece, mas pela mente dos personagens passa um turbilhão de reflexões e sentimentos.
Inclusive o tal "erro" que Paulo crê ter cometido: apaixonar-se por Beatriz.
Tezza não é tão racional quanto o personagem. Diz que o processo de escrita não é cerebral e até por isso seus romances são tão diferentes uns dos outros.
Enquanto "O Filho Eterno", explica ele, era a um só tempo a crônica de uma relação familiar e um balanço geracional, "Um Erro Emocional" investe numa trama mais intimista, de trama aparentemente banal, mas que esconde múltiplas camadas por trás de pequenos gestos e do que não é dito.
É um "falso romance realista", define ele.
"Encontrei minha voz literária com o romance. É o meu livro mais maduro em termos de linguagem e visão de mundo. Acho que não passarei vergonha com ele ", diz.
A dedicação integral aos livros deve render duas novas obras em breve: uma de contos e outra de ensaios sobre a ficção. "Mas desta vez livre da bibliografia e das notas de rodapé", brinca ele.
O mundo acadêmico, porém, não foi abandonado de todo: um dos projetos dele é escrever um romance sobre um professor universitário.
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