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            |  | Cristovão, 
              o teórico
 Carlos Alberto Faraco
 
 Cristovão 
              Tezza começou sua vida acadêmica um tanto quanto tardiamente. 
              Ingressou no curso de Letras em 1977, aos 25 anos, quando estava 
              morando no Acre. Mudou-se para Curitiba no ano seguinte e se transferiu 
              para o curso de Letras da Universidade Federal do Paraná, 
              onde concluiu a graduação em 1981.
 
 Em 1987, obteve o grau de mestre em Literatura Brasileira pela Universidade 
              Federal de Santa Catarina, defendendo a dissertação 
              Os vivos e os mortos, de W. Rio Apa: visão de mundo e linguagem, 
              em que já revela seu vínculo teórico com o 
              pensamento do filósofo russo Mikhail Bakhtin.
 
 A ele, Cristovão Tezza voltou várias vezes, participando das seguintes 
              coletâneas de estudos bakhtinianos: (1) Uma introdução a Bakhtin 
              (C. A. Faraco et al. - Curitiba: Hatier, 1988) com o artigo "Discurso 
              poético e discurso romanesco na teoria de Bakhtin"; (2) Diálogos 
              com Bakhtin (C. A. Faraco; G. de Castro e C. Tezza/ orgs. - Curitiba: 
              Editora da UFPR, 1996) com o artigo "Sobre 'O autor e o herói' - 
              um roteiro de leitura"; (3) Bakhtin, dialogismo e construção de 
              sentido (B. Brait / org. - Campinas: Editora da Unicamp, 1997) com 
              o artigo "A construção das vozes no romance"; (4) Bakhtin & his 
              intellectual ambience (B. Zylko/ org. - Gdansk: Wydawnictwo Uniwersytetu 
              Gdanskiego: 2002) com o artigo "Polyphony as an ethical category".
 
 Em 2002, Tezza defendeu sua tese de doutorado na Universidade de 
              São Paulo, publicada em 2003 sob o título Entre a prosa e a poesia: 
              Bakhtin e o formalismo russo (Rio: Rocco).
 
 Como se vê, Cristovão Tezza vem construindo, nos últimos vinte anos, 
              ao lado de sua produção romanesca, uma trajetória teórica e acadêmica. 
              Perguntado sobre isso, na entrevista que concedeu para o livro Cristovão 
              Tezza (R. M. Bernardi e C. A. Faraco/ orgs. - Curitiba: Editora 
              da UFPR, 1994, Série Parananeses), ele assim se manifestou:
 
 "A Universidade - quando finalmente cheguei nela, aos 25 anos - 
              me abriu um outro caminho, que teve relação mais com a linguagem 
              da ciência que com a linguagem da arte. Ela me deu instrumental 
              para enfrentar e eventualmente responder questões que apenas a intuição 
              não conseguia resolver. Particularmente na área da Lingüística, 
              em que tudo era novo para mim, aprendi muito - e descobri essa figura 
              fascinante da teoria da linguagem que é Mikhail Bakhtin. Mais tarde, 
              no mestrado, tive a oportunidade de retomar criticamente a obra 
              de W. Rio Apa, um escritor que teve uma presença marcante nos meus 
              anos de formação, através da vivência do teatro e da literatura.
 Mas não sei avaliar o peso eventual da formação universitária nos 
              meus romances. Certamente algum traço dela passou para a literatura. 
              Mas acho que nunca caí na tentação de escrever teses acadêmicas 
              em forma de romance. A contaminação de uma coisa pela outra pode 
              ser mortal..." (p.24-25).
 
 Por fim, vale destacar que Cristovão Tezza se firmou, nos últimos 
              cinco anos, também como autor de resenhas críticas, publicadas principalmente 
              na Revista Cult e no jornal Folha de S. Paulo.
 
 Carlos 
              Alberto Faraco é mestre em lingüística pela Unicamp e doutor em 
              lingüística pela Salford University, Inglaterra.
 
 
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