CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, 19 de julho de 2003
Livros & Leituras

Sérgio de Sá
sergiosa@correioweb.com.br

Tezza teórico

Muitos escritores brasileiros costumam fazer charme em relação a teorias literárias. Não estão nem aí, fazem aquele ar blasé, do tipo ''eles que se importem com a obra, meu negócio é escrever''. Forte tradição recente, entretanto, caminha em outra direção. Poetas e prosadores se aventuram a pensar literatura sistematicamente, e não apenas em sua ficção. Alguns o fazem de dentro da universidade, sem grandes dramas. O caso mais recente, e com grande potencial de repercussão tendo em vista o investimento da editora Rocco, é o do romancista Cristovão Tezza (foto). Ele lança na próxima terça, dia 22, em Curitiba, Entre a prosa e a poesia: Bakhtin e o formalismo russo, sua tese de doutorado convertida em livro.

''Bakhtin é o único teórico que me dá prazer'', conta o autor de Suavidade do vento, por telefone. E fala da vida do estudioso Mikhail Bakhtin (1895-1975), outsider na União Soviética, solitário, cuja própria tese sobre Rabelais não foi aprovada pela banca examinadora. Professor de língua portuguesa na Universidade Federal do Paraná e resenhista habitual, o simpaticíssimo Tezza afirma ser um ''teórico cíclico''. Nos cinco anos por conta da obra que sai agora deixou a narrativa ficcional completamente de lado. Retomou a atividade recentemente, na sua média de produção de meia página por dia. Será um novo romance, previsto para daqui a um ano. O tema? ''Um fotógrafo.''





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