A prosa deste romancista, exímio criador de diálogos rápidos, concisos, cheios de expectativas, que vão pouco a pouco revelando os personagens e montando a trama, gira quase sempre em torno de temas obsessivos, que têm emprestado singularidade à sua narrativa. Seu compromisso com o perfil individual de cada personagem não deixa, no entanto, que seus romances enveredem pelo sentimentalismo nem que se percam em confissões circunstanciais. Há sempre uma surpresa reservada para o desfecho, que via de regra se resolve em sentido contrário ao esperado.

Uma noite em Curitiba, que está sendo lançado pela Editora Rocco, é considerado por Cristovão Tezza seu melhor trabalho. A literatura e o universo deste romance potencializam todos os seus temas de forma mais eficiente. Trata-se de um livro que narra a paixão explosiva de um velho professor aposentado, Frederico Rennon, por uma famosa atriz de teatro e cinema nacional, Sara Donavan.

O romance tem início há 25 anos e é narrado pelo filho do professor, que organiza e apresenta as cartas do pai. Começa como uma simples correspondência e vai tomando um rumo inesperado, inexplicável, e mesmo inacreditável. Certo dia, o professor desaparece e a família demora um pouco para sentir sua falta porque ao longo da semana ele já vinha se ausentando sem ser percebido. Só notaram o sumiço efetivamente quando os avisos já eram evidentes em toda parte da casa, e a única pessoa que pode explicar o desaparecimento do professor é Sara Donavan.

Tudo isso, tendo como pano de fundo um mundo hostil, por onde circulam personagens patéticos. Cristovão Tezza afirma que ao escrever este livro, considera-se um autor mais maduro e consciente de seu papel.


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