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REVISTA PRIMEIRO TOQUE
São Paulo, agosto/outubro de 1988
CURITIBA, MON AMOUR
A vida curta e extremada de um escritor numa
cidade provinciana e repressora
Celso Fioravante
Depois de Leminskis e Tevisans, Curitiba está de volta.
Longe das poesias e contos concisos, ela agora vem com um romance,
grande, de Cristovão Tezza.
Uma bela história de amor, envolvente. O domínio
da narrativa, perfeito. O desenrolar fluente, detalhado. O autor
tem os personagens, a Curitiba, todo o livro nas mãos e
nos toma com essa vida e morte de Trapo, da entrada inesperada
de Izolda na casa (e vida) do professor Manuel até o desenrolar
trágico e final do romance.
Cristovão Tezza é um observador nato. Observa o
mundo mesquinho da cidade-província, a burguesia curitibana,
a família repressora, e mescla tudo isso com as observações
bem humoradas e perspicazes de um velho professor de literatura
aposentado. Confronta a curta e extremada vida de Trapo com a
longa e submissa vida de Manuel.
No desenrolar do romance, o autor intercala o passeio de Manuel
pela vida/morte de Trapo com as cartas que este último
escreveu para sua bem-amada Rosana. Cartas falando de amor, de
drogas, da família, do sistema, dos amigos, do cotidiano,
de Curitiba e da morte. Trapo invade o marasmo em que vive Manuel
e este tenta revelar o porquê da morte de Trapo. Esta mistura
dá um ritmo interessante ao livro à medida que um
esclarece o outro. É ler para conferir.
Jornalista, diretor e roteirista
de dois curtas em vídeo premiados no Vídeo-Brasil,
Celso Fioravante, 26, já foi redator e editor do Primeiro
Toque. Mas agora está em Londres e diz que só volta
de lá diretor de cinema.
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