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ZERO HORA
Porto Alegre, 13 de março de 2003.
Literatura
Novela explora metalinguagem
O professor Josilei Matôzo tem 34 anos, leciona tediosas
lições de gramática e tem uma rotina tão
poeirenta como as ruas vermelhas de Foz do Iguaçu, onde
vive, em 1971. Mantém em segredo o maior projeto de sua
vida: um livro que escreve há cinco anos. No momento em
que ele conclui a obra, tem início A Suavidade do Vento
(Rocco, 212 páginas, R$ 25), novela do catarinense radicado
em Curitiba Cristovão Tezza.
Em uma farsa de cinco etapas (Prólogo, Primeiro Ato, Entreato,
Segundo Ato e Cortina), Tezza descreve com laivos metalingüísticos
as diferenças entre o opaco cotidiano de autor de província
vivido por Matôzo e os sonhos de grandeza literária
que ele tece com o romance. O tímido professor leciona,
bebe uísque, fantasia a publicação de seu
livro - chamado A Suavidade do Vento -, consulta o I-Ching
para combater imaginários monstros pessoais, bebe mais
uísque, joga General no fim da tarde com amigos com os
quais não se sente confortável e bebe ainda mais
uísque ao som do único LP que possui: um exemplar
de Athom Heart Mother, de Pink Floyd.
Quando o livro é finalmente publicado por uma duvidosa
editora de São Paulo, sob o pseudônimo J. Mattoso,
e o professor concede uma entrevista a uma publicação
de boa circulação, a visão da sufocante cidade
a seu respeito passa a se alterar, para pior, forçando-o
a uma resolução surpreendente.
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