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Juliano Pavollini
Cristovão Tezza
Juliano Pavollini, lançado em 1989 e agora reeditado pela
Rocco, é um romance que cativa duplamente o leitor, pelas
duas vozes que ressoam na narrativa. O protagonista é tanto
o adolescente que experimenta os percalços de uma sobrevivência
problemática, esmagado pela insegurança, pelo erro
e pela culpa de tudo que ele vive, quanto o homem maduro, na cela
da prisão, confessando à psicóloga Clara
a sua história sempre binária. A confissão
é também um modo de refazer o passado e de dar um
sentido ao futuro; da imagem que ele fizer de si mesmo dependerá,
talvez, a sua liberdade.
O personagem Juliano Pavollini inicia suas memórias dizendo
que tinha tudo para dar certo. Começa na infância
difícil, sob o jugo de um pai severo, passando para a rebeldia
crescente, a qual preconiza a intensidade dos sentimentos que
o acometeram numa jornada que envolve tragédia e paixão.
A trajetória é curta, mas forte: foge de casa aos
dezesseis anos, no dia da morte do pai, e refugia-se nas asas
de Isabela, uma mulher que parece a deusa salvadora de sua vida,
num bordel da Curitiba dos anos 60. Depois, como que seguindo
o roteiro do abandono, envolve-se em assaltos na periferia, sonhando
ao mesmo tempo com um futuro tranqüilo, invejando os pequenos
prazeres da classe média, que ele vê como modelo.
Nesse roteiro que se transforma em tragédia, apaixona-se
perdidamente por uma Doroti, saída de algum filme, que
Juliano deseja como a redenção de sua vida.
A linguagem a um tempo rica, envolvente e sutil do romance tem
a marca da literatura de Cristovão Tezza. A assinatura
do romancista premiado que conquistou o reconhecimento da crítica
e a fidelidade de seus leitores pelas suas narrativas saborosas
e seu refinado humor.
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